“Entre os habitantes da região cuja vista a idolatria escurece, vigora um costume singular e escandaloso: os homens não se casam com mulheres virgens; exigem que as suas esposas tenham previamente pertencido a outrem. Julgando assim agradar as suas divindades, não dão o menor valor à castidade das mulheres.
Por conseguinte, as mães de meninas casadoiras, mal uma caravana de mercadores arma suas tendas nas vizinhanças, correm a oferecer-lhes as filhas, instando por que delas gozem enquanto ali se demoram. Escolhem eles naturalmente as mais bonitas, recusando as demais, que voltam desapontadas. Ficam as primeiras com os mercadores, que ao partir as devolvem invariavelmente às mães. E as meninas levam para casa as bugigangas e lembrancinhas, inclusive as jóias, que recebem de presente.
Penduram elas essas jóias no pescoço e outras partes do corpo, e as que exibem maior número de jóias, provando assim terem sido mais requestadas, são tanto mais apreciadas pelos pretendentes.”
As viagens de Marco Polo (lá pra 1299, por Rustichello da Pisa)
2 responses to “Das viagens de Marco Polo”
Belo post… Adorei. Acabou de ganhar mais uma leitora – adicionado aos favoritos.
Isso me lembrou de uma frase genialíssima do Bukowski sobre as mulheres "usadas". Disse ele: "Como se achar um sortudo nessa vida sabendo que a sua mulher já foi desprezada por outro?"