A minha personalidade 37 apareceu. A burra, depois de já algum tempo. Fiquei bem feliz, sentimos falta dela. Amplificada pela gripe, com a qual lida muito melhor que a personalidade, digamos, 41 – toda cheia de fidalguia. A 37, de uma maneira totalmente diversa, aproveita a congestão, aquele encapamento dos sentidos pra florescer em sua estupidez beirando o nirvana. Criatura essencialmente falida, promete e deseja que se apruma, basta que fique tempo suficiente pra o prumo beijar-lhe as bochechas como a futura esposa. Mas, por enquanto, diverte-se com o que a vida tem de mais simples, televisão – a insônia é bem vinda pela personalidade 37, o sofá velho, a temperatura, qualquer que seja, tudo é bem-aventurança.
Já mencionei que a personalidade 37 é a burra? Ela não carrega os pecados do mundo nas costas, o que nos tem facilitado muito o transpassar a tarde. Fácil ouvir rádio sem escolher estação, um pão com manteiga, alegria, alegria, pura matemática de arriscar um total e levar fama de quem faz conta de cabeça. E as verificações ficam por conta dos outros e das outras personalidades.
Olhar fotografias delas e deixar levar, cada vez mais boçal, cada vez mais afeito ao contentamento.